quarta-feira, 27 de agosto de 2008

As religiões segundo os cordelistas

As Falsas Religiões


As falsas religiões
são como deoenças crônicas
chamadas de babilônicas
que quer dizer confusões
dominam todas nações
com poder e tirania
adotam ídolo e magia
tendo nas suas imagens
símbolo de idolatria.



Romeiros alienados
nas mentiras envolvidos
levam seus recens nascidos
para os falsos batizados
padrinhos e convidados
ouvem missa e confissão
depois soltam foguetão
cantando e cheios de fé
pensando que aquilo é
caminho da salvação.


Depois todos vão embora
uns fumando outros bebendo
uns gritando outros dizendo
viva a Nossa Senhora
mulher canta, mulher chora
com enormes alaridos
motoristas distraídos
nessas curvas das estradas
dão batidas e viradas
fazem mortos e feridos.


Infelizmente é verdade
mas quem Deus não conhece
sempre o que é ruim acontece
nas festas sda cristandade
tragédia, fatalidade
e ambição por dinheiro
faz viver o tempo inteiro
numa doutrina de luz
sem as bençãos de Jesus
Filho do Deus Verdadeiro.

Porém este ensino mau
com rosário e confissaõ
e prestando adoração
a ídolos de gesso e pau
com festa, louvo e sarau
uma tal nossa senhora
Jesus disse, saiam fora
das obras de satanás
maldito aquele que faz
e maldito o que adora.


Todos nesta escuridão
sem a verdadeira luz
naõ sabem que sem Jesus
não existe salvação
Santo, terço e confissão
altar de ouro e marfim
Jesus Cristo disse assim
eu vos digo ninguém vai
a Deus à não ser por mim.


Maria foi escolhida
por Jeová Deus Altissímo
para seu filho santíssimo
nos dar luz caminho e vida
mas não pra ser vendida
como enfeite ou animal
no meio comercial
quem adota esse regime
além de bancar um crime
é um pecado mortal.


Povo que adora a cruz
foge do reto Juiz
faz uma imagem de diz
que é a mãe de Jesus
só quem não conhece a luz
do filho criador
Maria tem seu valor
devemos respeitar
ela não pode salvar
mas é mãe do salvador.


E Maria vêio até
de Israel sua origem
foi ela a mais bela virgem
das virgens de Nazaré
foi esposa de José
descedente de Davi
mãe do divino Rabí
ou mesmo Nazareno
viveu com seus pais alí.


O que digo é exemplar
mas´para quem não conhece
se me ouvir se aborrece
quer me agredir ou brigar
é mesmo que se mostrar
um palácio a um jumento
eu digo assim, um momento
depois das censuras
examine as escrituars
Velho e Novo Testamento.

José João dos Santos





As Aventuras de DAVI
e o Gigante GOLIAS


Meus amigos vou contar
uma história interessante
de um homem temente a Deus
que orava a todo instante
por isso crescia a fé
no grande Pai triunfante.

Deste homem que falei
seu nome vou mencionar
era Jessé, Belemita,
um cidadão popular
que criou todos os filhos
em uma vida exemplar.


Jessé tinha sete filhos,
sete varões de valor,
todos temente a Deus
que o amavam com ardor
cada um ocupado
nos trabalho do Senhor.

Eram homens de valor
que lutavam com ação
guerreiros fortes e destros
que defendiam a nação
das garras dos Filisteus
povo sem religião.

Entre os folhos de Jessé
tinha o caçula Davi
era o pastor das ovelhas
que nunca vivia ali
mas nos pastos de seu pai
um, pouco longe dali.

Davi apesar de jovem
mas tinha fé e valor
confiava no poder
de nosso Deus Criador
enfrentava qualquer fewra
confiante no Senhor.

Deus vendo aquele moço
era temente e fiel
enviou a sua casa
o profeta Samuel]para ungi-lo com rei
da nação de Israel.

O profeta Samuel
era um homem respeitado
foi à casa de Jessé
já por Deus orientado
para escolher um varão
que por Deus fosse aprovado.

Então o santo profeta
disse a Jessé com amor
faça vir todos seus filhos
que é ordem do Criador
um deles será ungido
para casa do Senhor.

Jessé reuniu seus filhos
diante de Samuel
que vendo o filho mais velho
daquele varão fiel
disse: - com certeza é este
o grande rei de Israel.

Mas ouviu a voz de Deus
dizendo na sua mente:
-tu julgas pelo tamanho
porque só vês o presente
e eu julgo pela justiça
porque sou onisciente.

E assim foram passando
o segundo e terceiro,
o quarto, o quinto e o sexto,
só faltava o derradeiro
o profeta perguntou:
-cadê o sétimo herdeiro?

Jessé disse:- está no campo
é um ruivo ameninado
pastor das minhas ovelhas
não deve nem ser lembrado
mas Samuel disse: - chama-o
será ele o coroado.

Logo trouxeram Davi
ao profeta Samuel
Deus falou no seu ouvido:
- este é o moço fiel
pode ungir pois será
o grande rei de Israel.

Logo o profeta de Deus
com óleo da unção
ungiu o jovem Davi
tendo de Deus permissão
dizendo: - agora serás
o rei da nossa nação.

Mas Davi continou
no seu serviço grosseiro
apascentando o rebanho
zelando ovelha e carneiro
pensando de no seu reino
ser humano e justiceiro.

Nesse tempo os Filisteus,
nação perversa e cruel,
vivia em guerra constante
contra o povo de Israel
matando os filhos de Deus
fazendo um triste papel.

Entre o povo Filisteu
tinha um homem agigantado
com nome de Golias
perverso e muito malvado
que afrontava o exército
do povo por Deus amado.

Era o general das tropas
do exército Filisteu
ao próprio Deus afrontava
zombava do nome seu
era o carrasco das tropas
do povo chamado Hebreu.

Os seis irmãos de Davi
também viviam na guerra
no exército de Saul
o primeiro rei da terra
enfrentando os Filisteus
por vale, baixio e serra.

Um dia o pai de Davi
mandou o moço levar
provisão aos seus irmãos
que estavam a guerrear
porque sem o alimento
não podiam pelejar.

Lá no campo de batalha
o jovem Davi chegou
o alimento



Essas doutrinas sem luz
usam torturas e iras
pregando suas mentiras
tudo em nome de Jesus
adorando ídolo e cruz
feitos pelas próprias mãos
obrigando seus irmãos
seguirem falsos destinos
abominando os ensinos
dos verdadeiros cristãos.


São os cristãos seguidores
do próprio filho de Deus
que adoram apóstolos seus
e homens merecedores
escolhidos por valores
dos dons e merecimentos
enfrentando sofrimentos
prisões e morte de cruz
prosseguindo de Jesus
os santos ensinamentos.


Muitos foram dogolados
outros mortos nas fogueiras
nas arenas nas caeiras
pelos leões devorados
e por outros crucificados
por sacerdotes judeus
escribas e fariseus
a mando dos reis pagãos
pra não deixarem os cristãos
pregarem o reino de Deus.


Hoje os pastores errados
estão dando o mesmo exemplo
dos cambistas lá do templo
por Cristo chicoteados
Jesus disse em altos brados
este templo é de orações
expulsou os vendalhões
dizendo aos pérfidos judeus
esta é a casa de Deus
não de negociações.


São esses famigerados
enrrolões e mentirosos
que se dizem milagrosos
curam cegos e alejados
doentes e endemôniados
mas milagres nem um faz
os fanáticos correm atraz
dando toda crença a eles
porém o assunto deles
é dinheiro e nada mais.


Jesus fez somente o bem
com amor as criaturas
fazer milagres e curas
só Jesus e mais ninguém
sem olhar quem ou alguém
ele atendia os chamados
fez mortos ressucitados
quando alguém lhe oferecia
dinheiro, Jesus dizia
dê aos necessitados.


Para o enfermo alejado
diz o pastor que seduz
hoje em nome de Jesus
eu vou te deixar curado
me dê tanto meu amado
que fica bom com certeza
aplicando a esperteza
todos eles fazem isto
usando o nome de Cristo
para adquirir riquesa.


Este asssalto moderno
dos pastores de hoje em dia
tem mentira, hipocrisia
e ambição do inferno
o filho do Pai Eterno
depois vai lhes dá o preço
quando esses sem apreço
lhes pedirem de mãos postas
Jesus vai virar-lhes as costas
e dizer, não os conheço.


Amor, justiça e verdade
tudo isto é com Jesus
a vida o caminho a luz
príncipe da paz e bondade
exemplo de santidade
homem justo e verdadeiro
manso, fiel e cordeiro
mestre divino e senhor
o que vez foi por amor
e nunca aceitou dinheiro.


Vemos ricos potentados
donos de prédio e mansão
jogando fora e não dão
um pão aos necessitados
mas ficam ajoelhados
nos pés de ídolo e de cruz
uma vela é sua luz
beijando altar e sacrário
fazendo tudo ao contrário
dos ensino de Jesus.


Igrejas da cristandade
cheias de mil fantasias
porém são todas vazias
de justiça e de bondade
a alta sociedade
não ouve do pobre o choro
festa e luxo é seu tesouro
nome, política e poder
entre luxúria e prazer
seu Deus é riqueza e ouro.


Pastores ganham milhões
com suas falsas pelejas
enchendo o mundo de igrejas
rádios e televisões
alienam multidões
em busca de vil metal
com lavagem cerebral
fazem o povo neles crêr
dizendo que seu poder
vem do Deus universal.


O povo fanatizado
na falsa crença persiste
vê coisa que não existe
dizendo,
eu fiquei curado
o pastor manifestado
grande gritaria faz
velho, mulher e rapaz
todos no chão se batendo
e o pastor tremendo
gritando, sai satanás.


Tem muitas virgens Marias
ai pelo mundo inteiro
para se ganhar dinheiro
com festas e romarias
chegando todos os dias
gente de todos os cantos
gastando tantos e quantos
com fumo, bebida e jogo
comprando armas de fogo
terços, rosários e santos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Cordel para Machado de Assis: O Bruxo do Cosme Velho.


Joaquim Maria Machado
Do Morro do Livramento
Foi um moleque baleiro
E foi um ás no talento
Um Gênio da Literatura
E luminar do Pensamento...

Em 21/06/1839
Dá-se o seu nascimento
Vem ao mundo lá no Rio
Na Quinta do Livramento
Joaquim Maria Machado de Assis
Expressa o seu sentimento...

Francisco José de Assis
Maria Leopoldina Machado
Genitores do Escritor
Mestre, acadêmico, letrado...
A gênese do romancista
Tenho comigo anotado...

Não podia estudar
Não teve acesso à escola
Era vendedor de bala
Para não pedir esmola
O preconceito era grande
Ainda não havia bola...

Moleque pobre e mulato
Na Capital Federal
Época de febre amarela
Sem era industrial
Tudo era importado:
O Brasil era um quintal...

Padre Silveira Sarmento
Deu apoio a Machado
Um garoto inteligente
Logo se tornou letrado
Pra sair do sofrimento
Da triste vida de gado...

Veio de família pobre:
Persistente e esforçado
Teve aos 16 anos
Um poema publicado
O livreiro Paula Brito
Contaratou nosso Machado...

Londres ditava a moda
Imperava a escravidão
Fabricaram a dívida externa
A capital submissão
E Machado no cenário...
Fluia arte e criação...

O soneto era "Ela"
E grande coisa não era
Na Marmota Fluminense
Deu asas à quimera
Foi caixeiro e vendedor
E um revisor bem fera...

Na Marmota Fluminense
Começou a escrever
Ano 1855
Como pude perceber
Até 1861
Colaborou pra valer...

Ano 1856
Tipografia Nacional
Manuel Antônio de Almeida
Influência natural
Até 1858
Aprendizado laboral ...

Em 1866
Carolina chega ao Rio
(Irmã do poeta Faustino)
Sempre foi mulher de brio...
Foi na vida de Machado
Sol, poesia, amore mio...


Em 1869
Casou-se com Carolina
Machado, era mulato
Homem de uma bela sina
Lutou contra o preconceito
E conquistou a menina ...


Machado é Rio Antigo
Cosme Velho -Ouvidor
Lá na Rua dos Andradas
Exercitou o Amor
Com a querida Carolina
Um romance alentador...


Histórias da Meia-Noite
Romance, Ressurreição
Morou na Rua da Lapa
Princípio de transformação
Na Rua das Laranjeiras
Deu-se a iniciação...


Poesia, Americanas
A musa a lhe inspirar
Crisálidas foi o início
De um poeta a germinar
Gil, Job e Platão
Pseudônimos soube usar...


Vitor de Paula...Job
Max e depois Lara
Publica com vários nomes
Uma obra que não pára
Criativo e talentoso
Flui o gênio que Deus dara...


República e Abolição
O grito da liberdade
Combate à escravidão
Ares de civilidade
Época de Realismo
De nova sociedade ...


Poesia nova, realista
Distante do Romantismo
Campanha abolicionista
Marx e o Comunismo
Machado além do Real
Bebeu no Naturalismo...


1878-79
Em Friburgo temporada
Tratamento de saúde
Novo alento na jornada
Surge um novo escritor
É primavera - madrugada...


Memórias Póstumas de Brás Cubas
Obra de lapidação
Texto de engenharia
Pensamento e emoção
Criatividade a flor da pele
Dá asas a um coração...


Publica Memórias Póstumas
Na Revista Brasileira
É um livro essencial
Que marca a sua carreira
Na Gazeta de Notícias:
Um cronista de primeira...


Memórias sai em livro
Destaque para Machado
Publica Papéis Avulsos
Texto bem elaborado
Rua Cosme Velho, 18
Muito bem acomodado...


Em Machado há ironia
Dúvida e questionamento
Capitu traiu ou não?
A resposta está no vento
O Amor tudo ultrapassa:
Transmuta-se no sentimento...


Oficial da Ordem da Rosa
Por decreto imperial
Quincas Borba é publicado
Várias Histórias, afinal...
Machado de Assis consagra-se
No cenário nacional...


Funda a Academia
É eleito presidente
Demonstra habilidades
De um escritor experiente
O romance Dom Casmurro
Eis um livro consciente...


Dom Casmurro é publicado
Contos, Páginas Recolhidas
Edita Poesias Completas
Obras-primas sempre lidas
Vejo os seus personagens
Por praças e avenidas ...


Em 20/10/1904
Machado perde Carolina
Companheira solidária
Fraterna e diamantina
Amada de toda a vida
Uma paixão cristalina...


Romance Esaú e Jacó
Faz-se a publicação
Relíquias de Casa Velha
Processo de elaboração
Em 1906:
Recebe editoração...


Relíquias de Casa Velha
Dedicou a Carolina...
"Ao pé do leito derradeiro"
Soneto de verve fina
Uma pérola na poesia
Fez a prosa cristalina...


Memorial de Aires, romance
Foi o último publicado
1/06/1908
Pede licença Machado
Para tratar da saúde
Encontra-se debilitado...


Às 3h20 de 29 de setembro
Falece o grande escritor
Era 1908...
Foi-se embora o criador
Saudado por Rui Barbosa
Magistrado e orador...



Ficou a obra-prima
Grandiosa, genial...
Há muito influencia
A literatura nacional...
Seu nome eternizou-se
No cenário universal...

(Gustavo Dourado)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O amor retratado no cordel

O ROMANCE DO PAVÃO MISTERIOSO

Eu vou contar uma história

De um pavão misterioso

Que levantou vôo na Grécia

Com um rapaz corajoso

Raptando uma condessa

Filha de um conde orgulhoso.


Residia na Turquia

Um viúvo capitalista

Pai de dois filhos solteiros

O mais velho João Batista

Então o filho mais novo

Se chamava Evangelista.


O velho turco era dono

Duma fábrica de tecidos

Com largas propriedades

Dinheiro e bens possuídos

Deu de herança a seus filhos

Porque eram bem unidos.



Depois que o velho morreu


Fizeram combinação


Porque o tal João Batista


Concordou com o seu irmão


E foram negociar


Na mais perfeita união.



Um dia João Batista


Pensou pela vaidade


E disse a Evangelista:


— Meu mano eu tenho vontadede


visitar o estrangeiro


se não te deixar saudade.



— Olha que nossa riqueza


se acha muito aumentada


e dessa nossa fortuna


ainda não gozei nada


portanto convém qu'eu passe


um ano em terra afastada.



Movido a motor elétrico


Depósito de gasolina


Com locomoção macia


Que não fazia buzina


A obra mais importante


Que fez em sua oficina.



Tinha cauda como leque


As asas como pavão


Pescoço, cabeça e bico


Lavanca, chave e botão


Voava igualmente ao vento


Para qualquer direção.


Quando Edmundo findou


Disse a Evangelista:


— Sua obra está perfeita


ficou com bonita vista


o senhor tem que saber


que Edmundo é artista.



— Eu fiz o aeroplano


da forma de um pavão


que arma e se desarma


comprimindo em um botão


e carrega doze arroba


três léguas acima do chão.



Foram experimentar


Se tinha jeito o pavão


Abriram a lavanca e chave


Encarcaram num botão


O monstro girou suspenso


Maneiro como balão.



O pavão de asas abertas


Partiu com velocidade


Coroando todo o espaço


Muito acima da cidade


Como era meia noite


Voaram mesmo à vontade.




Então disse o engenheiro:


— Já provei minha invenção


fizemos a experiência


tome conta do pavão


agora o senhor me paga


sem promover discussão.




Perguntou Evangelista:


— Quanto custa o seu invento?


— Dê me cem contos de réis


acha caro o pagamento


o rapaz lhe respondeu:


Acho pouco dou duzentos.



Edmundo ainda deu-lhe


Mais uma serra azougada


Que serrava caibro e ripa


E não fazia zuada


Tinha os dentes igual navalha


De lâmina bem afiada.



Então disse o jovem turco:


— Muito obrigado fiquei


do pavão e dos presentes


para lutar me armei


amanhã a meia-noite


com Creuza conversarei.



À meia-noite o pavão


Do muro se levantou


Com as lâmpadas apagadas


Como uma flecha voou


Bem no sobrado do conde


Na cumeeira pousou.



Evangelista em silêncio


Cinco telhas arredou


Um buraco de dois palmos


Caibros e ripas serrou


E pendurado numa corda


Por ela escorregou.



Chegou no quarto de Creuza


Onde a donzela dormia


Debaixo do cortinado


Feito de seda amarela


E ele para acordá-la


Pôs a mão na testa dela.



A donzela estremeceu


Acordou no mesmo instante


E viu um rapaz estranho


De rosto muito elegante


Que sorria para ela


Com um olhar fascinante.



Então Creuza deu um grito:


— Papai um desconhecido


entrou aqui no meu quarto


sujeito muito atrevido


venha depressa papai


pode ser algum bandido.



O rapaz lhe disse:


— Moça


Entre nós não há perigo


Estou pronto a defendê-la


Como um verdadeiro amigo


Venho é saber da senhora


Se quer casar-se comigo.



De um lenço enigmático


Que quando Creuza gritava


Chamando o pai dela


Então o moço passava


Ele no nariz da moça


Com isso ela desmaiava.



O jovem puxou o lenço


Ao nariz da moça encostou


Deu uma vertigem na moça


De repente desmaiou


E ele subiu na corda


Chegando em cima tirou.



Ajeitou os caibros e ripas


E consertou o telhado


E montando em seu pavão


Voou bastante vexado


Foi esconder o aparelho


Aonde foi fabricado.



O conde acordou aflito


Quando ouviu essa zuada


Entrou no quarto da filha


Desembainhou a espada


Encontrou-a sem sentido


Dez minutos desmaiada.



Percorreu todos os cantos


Com a espada na mão


Berrando e soltando pragas


Colérico como um leãoDizendo:


— Aonde encontrá-lo


Eu mato esse ladrão.



Creuza disse:


— Meu pai


Pois eu vi neste momento


Um jovem rico e elegante


Me falando em casamento


Não vi quando ele encantou-se


Porque me deu um passamento.


Disse o conde:


— Nesse caso


Tu já estás a sonhar


Moça de dezoito anos


Já pensando em se casar


Se aparecer casamento


Eu saberei desmanchar.



Evangelista voltou


Às duas da madrugada


Assentou seu pavão


Sem que fizesse zuada


Desceu pela mesma trilha


Na corda dependurada.



E Creuza estava deitada


Dormindo o sono inocente


Seus cabelos como um véu


Que enfeitava puramente


Como um anjo de terreal


Que tem lábios sorridentes.



O rapaz muito sutil


Foi pegando na mão dela


Então a moça assustou-se


Ele garantiu a ela


Que não eram malfazejos:


— Não tenha medo donzela.


A moça interrogou-o


Disse: — Quem é o senhor


Diz ele: — Sou estrangeiro


Lhe consagrei grande amor


Se não fores minha esposa


A vida não tem valor.



Mas Creuza achou impossível


O moço entrar no sobrado


Então perguntou a ele


De que jeito tinha entrado


E disse: — Vai me dizendo


Se és vivo ou encantado.



Como eu lhe tenho amizade


Me arrisco fora de hora


Moça não me negue o sim


A quem tanto lhe adora!


Creuza aí gritou: — Papai


Venha ver o homem agora.



Ele passou-lhe o lenço


Ela caiu sem sentido


Então subiu na corda


Por onde tinha descido


Chegou em cima e disse:


— O conde será vencido.



Ouviu-se tocar a corneta


E o brado da sentinela


O conde se dirigiu


Para o quarto da donzela


Viu a filha desmaiada


Não pode falar com ela.



Até que a moça tornou


Disse o conde: — É um caso sério


Sou um fidalgo tão rico


Atentado em meu critério


Mas nós vamos descobrir


O autor do mistério.



— Minha filha, eu já pensei


em um plano bem sagaz


passa essa banha amarela


na cabeça desse audaz


só assim descobriremos


esse anjo ou satanás.



— Só sendo uma visão


que entra neste sobrado


só chega à meia-noite


entra e sai sem ser notado


se é gente desse mundo


usa feitiço encantado.



Evangelista também


Desarmou seu pavão


A cauda, a capota, o bico


Diminuiu a armação


Escondeu o seu motor


Em um pequeno caixão.



Depois de sessenta dias


Alta noite em nevoeiro


Evangelista chegou


No seu pavão bem maneiro


Desceu no quarto da moça


A seu modo traiçoeiro.



Já era a terceira vez


Que Evangelista entrava


No quarto que a condessa


À noite se agasalhava


Pela força do amor


O rapaz se arriscava.



Com um pouco a moça acordou


Foi logo dizendo assim:


— Tu tens dito que me amas


com um bem-querer sem fim


se me amas com respeito


te senta juntos de mim.



Evangelista sentou-se


Pôs-se a conversar com ela


Trocando o riso esperava


A resposta da donzela


Ela pôs-lhe a mão na testa


Passou a banha amarela.



Depois Creuza levantou-se


Com vontade de gritar


O rapaz tocou-lhe o lenço


Sentiu ela desmaiar


Deixou-a com uma síncope


Tratou de se retirar.



E logo Evangelista


Voando da cumeeira


Foi esconder seu pavão


Nas folhas de uma palmeira


Disse: — Na quarta viagem


Levo essa estrangeira.



Creuza então passou o resto


Da noite mal sossegada


Acordou pela manhã


Meditava e cismadaS


e o pai não perguntasse


Ela não dizia nada.



Disse o conde: — Minha filha


Parece que estás doente?


Sofreste algum acesso


Porque teu olhar não mente


O tal rapaz encantado


Te apareceu certamente.



E Creuza disse: — Papai


Eu cumpri o seu mandado


O rapaz apareceu-me


Mas achei-o delicado


Passei-lhe a banha amarela


E ele saiu marcado.



O conde disse aos soldados


Que a cidade patrulhassem


Tomassem os chapéus de


Quem nas ruas encontrassem


Um de cabelo amarelo


Ou rico ou pobre pegassem.



Evangelista trajou-se


Com roupa de alugado


Encontrou-se com a patrulha


O seu chapéu foi tirado


Viram o cabelo amarelo


Gritaram: — Esteja intimado!



Os soldados lhe disseram:


— Cidadão não estremeça


está preso a ordem do conde


e é bom que não se cresça


vai a presença do conde


se é homem não esmoreça.



— Você hoje vai provar


por sua vida responde


como é que tem falado


com a filha do nosso conde


quando ela lhe procura


onde é que se esconde.



Evangelista respondeu:


— Também me faça um favor


enquanto vou me vestir


minha roupa superior


na classe de homem rico


ninguém pisa meu valor.



Disseram: — Pode mudar


Sua roupa de nobreza


A moça bem que dizia


Que o rapaz tinha riqueza


Vamos ganhar umas luvas


E o conde uma surpresa.



Seguiu logo Evangelista


Conversando com o guarda


Até que se aproximaram


Duma palmeira copada


Então disse Evangelista:


— Minha roupa está trepada.



E os soldados olharam


Em cima tinha um caixão


Mandaram ele subir


E ficaram de prontidão


Pegaram a conversar


Prestando pouca atenção.



Evangelista subiu


Pôs um dedo no botão


Seu monstro de alumínio


Ergueu logo a armação


Dali foi se levantando


Seguiu voando o pavão.



E os soldados gritaram:


— Amigo, o senhor se desça


deixe de tanta demora


é bom que não aborreça


senão com pouco uma bala


visita sua cabeça.



Então mandaram subir


Um soldado de coragem


Disseram: — Pegue na perna


Arraste com a folhagem


Está passando na hora


De voltarmos da viagem.



Quando o soldado subiu


Gritou: — Perdemos a ação


Fugiu o moço voando


De longe vejo um pavão


Zombou de nossa patrulha


Aquele moço é o cão.



Voltaram e disseram ao conde


Que o rapaz tinham encontrado


Mas no olho de uma palmeira


O moço tinha voado


Disso o conde: — Pois é o cão


Que com Creuza tem falado.



Creuza sabendo da história


Chorava de arrependida


Por ter marcado o rapaz


Com banha desconhecida


Disse: — Nunca mais terei


Sossego na minha vida.



Disse Creuza: — Ora papai


Me prive da liberdade


Não consente que eu goze


A distração da cidade


Vivo como criminosa


Sem gozar a mocidade.


— Aqui não tenho direito


de falar com um criado


um rapaz para me ver


precisa ser encantado


mas talvez ainda eu fuja


deste maldito sobrado.



— O rapaz que me amou


só queria vê-lo agora


para cair nos seus pés


como uma infeliz que chora


embora que eu depois


morresse na mesma hora.



— Eu sei que para ele


não mereço confiança


quando ele vinha aqui


ainda eu tinha esperança


de sair desta prisão


onde estou desde de criança.



Às quatro da madrugada


Evangelista desceu


Creuza estava acordada


Nunca mais adormeceu


A moça estava chorando


O rapaz lhe apareceu.



O jovem cumprimentou-a


Deu-lhe um aperto de mão


A condessa ajoelhou-se


Para pedir-lhe perdão


Dizendo: — Meu pai mandou


Eu fazer-te uma traição.



O rapaz disse: — Menina


A mim não fizeste mal


Toda a moça é inocente


Tem seu papel virginal


Cerimônia de donzela


É uma coisa natural.



— Todo o seu sonho dourado


é fazer-te minha senhora


se quiseres casar comigo


te arrumas e vamos embora


senão o dia amanhece


e se perde a nossa hora.



— Se o senhor é homem sério


e comigo quer casar


pois tome conta de mim


aqui não quero ficar


se eu falar em casamento


meu pai manda me matar.



— Que importa que ele mande


tropas e navios pelos mares


minha viagem é aérea


meu cavalo anda nos ares


nós vamos sair daqui


casar em outros lugares.



Creuza estava empacotando


O vestido mais elegante


O conde entrou no quarto


E dando um berro vibrante


Gritando: — Filha maldita


Vais morrer com o seu amante.



O conde rangendo os dentes


Avançou com passo extenso


Deu um pontapé na filha


Dizendo: — Eu sou quem venço


Logo no nariz do conde


O rapaz passou o lenço.



Ouviu-se o baque do conde


Porque rolou desmaiado


A última cena do lenço


Deixou-o magnetizado


Disse o moço: -Tem dez minutos


Para sairmos do sobrado.



Creuza disse: — Eu estou pronta


Já podemos ir embora


E subiram pela corda


Até que sairam fora


Se aproximava a alvorada


Pela cortina da aurora.


Com pouco o conde acordou


Viu a corda pendurada


Na coberta do sobrado


Distinguiu uma zuada


E as lâmpadas do aparelho


Mostrando luz variada.



E a gaita do pavão


Tocando uma rouca voz


O monstro de olho de fogo


Projetando os seus faróis


O conde mandando pragas


Disse a moça: — É contra nós.



Os soldados da patrulha


Estavam de prontidão


Um disse: — Vem ver fulano


Aí vai passando um pavão


O monstro fez uma curva


Para tomar direção.



Então dizia um soldado—


Orgulho é uma ilusão


um pai governa uma filha


mas não manda no coração


pois agora a condessinha


vai fugindo no pavão.



O conde olhou para a corda


E o buraco do telhado


Como tinha sido vencido


Pelo rapaz atilado


Adoeceu só de raiva


Morreu por não ser vingado.



Logo que Evangelista


Foi chegando na Turquia


Com a condessa da Grécia


Fidalga da monarquia


Em casa do seu irmão


Casaram no mesmo dia.



Em casa de João Batista


Deu-se grande ajuntamento


Dando vivas ao noivado


Parabéns ao casamento


À noite teve retreta


Com visita e cumprimento.



Enquanto Evangelista


Gozava imensa alegria


Chegava um telegrama


Da Grécia para Turquia


Chamando a condessa urgente


Pelo motivo que havia.


Dizia o telegrama:


"Creuza vem com o teu marido


receber a tua herançao conde é falecido


tua mãe deseja vero genro desconhecido."




A condessa estava lendo


Com o telegrama na mão


Entregou a Evangielista


Que mostrou ao seu irmão


Dizendo: — Vamos voltar


Por uma justa razão.



De manhã quando os noivos


Acabaram de almoçar


E Creuza em traje de noiva


Pronta para viajar


De palma, véu e capela


Pois só vieram casar.



Diziam os convidados:


— A condessa é tão mocinha


e vestida de noiva


torna-se mais bonitinha


está com um buquê de flor


séria como uma rainha.



Os noivos tomaram assento


No pavão de alumínio


E o monstro se levantou-se


Foi ficando pequenino


Continuou o seu vôo


Ao rumo do seu destino.



Na cidade de Atenas


Estava a população


Esperando pela volta


Do aeroplano pavão


Ou o cavalo do espaço


Que imita um avião.



Em casa de Edmundo


Ficou o noivo hospedado


Seu amigo de confiança


Que foi bem recompensado.



E também a mãe de Creuza


Já esperava vexada


A filha mais tarde entrou


Muito bem acompanhada


De braço com o seu noivo


Disse: — Mamãe estou casada.



Disse a velha: — Minha filha


Saíste do cativeiro


Fizeste bem em fugir


E casar no estrangeiro


Tomem conta da herança


Meu genro é meu herdeiro.

autor: João melquiades ferreira da silva

A história do cordel em versos


Literatura de Cordel
É poesia popular,
É história contada em versos
Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.
A capa é em xilogravura,
Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeira
Um desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.
Mas pode ser um desenho,
Uma foto, uma pintura,
Cujo título, bem à mostra,
Resume a escritura.
É uma bela tradição,
Que exprime nossa cultura.
7 sílabas poéticas,
Cada verso deve ter
Pra ficar certo, bonito
E a métrica obedecer,
Pra evitar o pé quebrado
E a tradição manter.
Os folhetos de cordel,
Nas feiras eram vendidos,
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.
A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.
Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.
O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra
Que luta pra que um dia
Acabem a fome e miséria,
Haja paz e harmonia.
*Francisco Diniz